As terapias integrativas são um complemento aos tratamentos convencionais de saúde.
Trata-se de uma abordagem crescente na medicina que busca tratar o paciente de forma holística, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também aspectos emocionais, mentais e espirituais.
As terapias integrativas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, são reconhecidas como complementares aos tratamentos convencionais.
Este artigo explora o papel das terapias integrativas no contexto da saúde moderna, destacando sua eficácia no manejo de doenças crônicas e na melhoria da qualidade de vida.
Contexto histórico da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) contempla sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, conhecidos como medicina tradicional e complementar/alternativa (MT/MCA), que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção e recuperação da saúde.
Estas abordagens, que envolvem a escuta acolhedora e o vínculo terapêutico, priorizam a integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou, na década de 1970, o Programa de Medicina Tradicional, com o objetivo de promover políticas públicas para o uso racional e integrado da MT/MCA nos sistemas nacionais de saúde.
O Brasil, a partir da década de 1980 e com a criação do SUS, começou a institucionalizar essas práticas, especialmente com a descentralização e a participação popular, permitindo maior autonomia dos estados e municípios.
Em 2004, o Ministério da Saúde realizou um diagnóstico nacional para mapear as práticas já em uso, como acupuntura, homeopatia, fitoterapia e medicina antroposófica.
O levantamento envolveu 5.560 gestores de saúde e revelou que 232 municípios, incluindo 19 capitais, já implementavam algumas dessas práticas em seus sistemas de saúde, demonstrando a crescente adesão às terapias integrativas no país.
O que são terapias integrativas?
As terapias integrativas são práticas que buscam equilibrar o bem-estar físico, mental e emocional dos pacientes.
Elas incluem abordagens como acupuntura, fitoterapia, homeopatia, meditação e outras, que complementam os tratamentos convencionais.
Essas práticas são utilizadas para melhorar o controle da dor, reduzir o estresse e promover a cura de maneira mais completa.
Além disso, a integração dessas terapias ao sistema de saúde visa um cuidado mais humanizado e centrado no paciente.
Terapias integrativas no SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil oferece diversas terapias integrativas à população.
Segundo a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), terapias como acupuntura, fitoterapia, meditação e yoga são parte do sistema de saúde pública.
Em 2006, eram ofertadas cinco terapias: acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo.
Em 2017, foram incorporadas 14 práticas integrativas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, yoga.
E em 2018, foram incluídas mais 10 terapias: apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia, terapia de florais.
Essas práticas têm sido incorporadas como parte do tratamento para diversas condições, como doenças crônicas, doenças psiquiátricas e para controle da dor, por exemplo.
Além disso, as terapias integrativas ajudam a ampliar o acesso aos cuidados de saúde, especialmente em áreas onde a medicina convencional pode ser limitada ou ineficaz.
Recursos terapêuticos PICS
O Brasil é líder na oferta de modalidades na atenção básica da rede de saúde pública.
De acordo com o Ministério da Saúde as práticas integrativas estão presentes em 9.350 estabelecimentos, localizados em 3.173 municípios. Destes estabelecimentos, 88% estão na Atenção Básica.
Em 2017, foram registrados mais de 1,4 milhão de atendimentos individuais.
Os principais procedimentos registrados foram: Acupuntura: 707 mil atendimentos e 277 mil consultas individuais, Medicina Tradicional Chinesa (taichi-chuan e liangong): 151 mil sessões, Auriculoterapia: 142 mil procedimentos, Yoga: 35 mil sessões, , Dança circular/biodança: 23 mil, Terapia comunitária: 23 mil.
Como as terapias integrativas complementam os tratamentos convencionais?
As terapias integrativas não substituem os tratamentos convencionais, mas servem como complementos que oferecem benefícios adicionais.
Elas podem melhorar a eficácia dos tratamentos médicos tradicionais, reduzir efeitos colaterais e proporcionar um controle mais eficaz da dor.
Por exemplo, a acupuntura é frequentemente usada para aliviar a dor crônica e melhorar o bem-estar, enquanto a fitoterapia pode ser uma opção para tratar sintomas de doenças que não respondem bem a medicamentos convencionais.
Além disso, muitas terapias integrativas são utilizadas para promover a saúde mental e emocional, ajudando no manejo do estresse, ansiedade e outros transtornos psicológicos.
Técnicas como meditação e yoga podem ser eficazes na redução do estresse e na promoção de um estado mental mais equilibrado, complementando os tratamentos médicos tradicionais.
Benefícios das terapias integrativas
O uso de terapias integrativas traz uma série de benefícios aos pacientes, tanto físicos quanto emocionais.
Para as doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e artrite, por exemplo, essas terapias podem ajudar a melhorar a adesão ao tratamento e reduzir a necessidade de medicamentos.
As terapias também têm um papel importante na prevenção de doenças, promovendo um estilo de vida mais saudável e equilibrado.
Além disso, outros benefícios incluem a melhoria da qualidade de vida, redução do estresse e da ansiedade, alívio da dor e promoção do bem-estar geral.
Pacientes que utilizam terapias integrativas relatam não só umamaior satisfação com o tratamento, mas também uma sensação de controle sobre sua saúde.
Desafios e considerações no uso de terapias integrativas
Embora as terapias integrativas tragam inúmeros benefícios, também existem desafios.
A principal dificuldade está na falta de conhecimento e treinamento adequado dos profissionais de saúde.
Além disso, muitas vezes, as terapias não são adequadamente regulamentadas ou padronizadas, o que pode gerar desconfiança entre os profissionais e os pacientes.
Outro desafio importante é a necessidade de integração adequada entre as terapias integrativas e os tratamentos convencionais.
Para que os benefícios das terapias integrativas sejam maximizados, é crucial que os profissionais de saúde trabalhem de forma colaborativa, compartilhando informações sobre os tratamentos utilizados e ajustando as abordagens conforme necessário.
O futuro das terapias integrativas
As terapias integrativas têm um futuro promissor como complemento aos tratamentos convencionais de saúde.
Ou seja, à medida que mais evidências científicas sobre sua eficácia se tornam disponíveis, espera-se que sua utilização se amplie e se torne uma parte mais integrada da prática médica.
A regulamentação mais clara, a formação adequada de profissionais de saúde e a promoção de uma abordagem mais holística para a saúde serão fundamentais para garantir o sucesso dessas terapias no futuro.
Conclusão
As terapias integrativas oferecem uma abordagem complementar e holística no tratamento de diversas condições de saúde.
Assim, quando integradas ao SUS e ao sistema de saúde convencional, elas contribuem para um cuidado mais completo e humanizado, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e oferecendo alternativas terapêuticas eficazes.
Embora existam desafios, o futuro das terapias integrativas é promissor, e sua incorporação aos tratamentos médicos tradicionais promete transformar a prática da saúde, proporcionando benefícios tanto físicos quanto emocionais para os pacientes.